Vamos lá começar! O dia da partida para a viagem, 26 de Março de 2022 foi marcante. Anos e anos de preparação, o adiar da viagem por causa do Covid, o sentimento de espera e da expetativa constante. Quando parecia estar tudo normalizado começou a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Não me lembro muito bem da nossa partida em Torres Vedras, sei que veiaram muitas pessoas acompanhar, mas a minha mente já estava algures no meio do Alentejo em direção a fronteira com Espanha. Foi aí que sentimos que estava tudo a acontecer, não queríamos acreditar, mas os recetores sensoriais estavam ao rubro. Sabem aquele sentimento da brisa que nos faz feliz? Foi sem duvida um dia onde todos os problemas, os sacrifícios e as preocupações ficaram para trás. Eram apenas duas motas, um pai e um filho.
Nos primeiros dias, talvez por serem apenas para “papar quilómetros” sem nada para ver e visitar, bateu-nos aos dois aquele sentimento de vazio. Começámos a duvidar se valia a pena o que estávamos a fazer e se não era mais fácil voltar para casa enquanto não era tarde. Sair do conforto nunca é fácil! Tudo melhorou com o Verdon Gorge em França, a nossa primeira atração que carregou-nos com energia positiva para continuar. Em Itália acampámos alguns dias no Lago Garda, num lugar inacreditável. Logo após vieram as Dolomitas, bellisimo e único! Fizemos as Dolomitas no inicio de Abril, no primeiro dia que abriu a estrada depois do ter estado fechada para o inverno, as montanhas estavam todas repletas de neve, as vistas eram de congelar os olhos. Visitamos as passagens Sella e Gardena Pass, e posso vos dizer que confere quando dizem que são as passagens de montanha mais bonitas da Europa. Durante a noite fez -6C e dormir na tenda foi um teste, acordamos sem sentir os dedos dos pés e acabamos a noite abraçados a “Ponteira” com a mota a trabalhar.
Eslovénia era o país que tínhamos de atravessar para começar a nossa viagem pelos Balcãs até a Grécia. Sem grande expetativa e a pensar que um dia chegava, ficamos nele 10 dias! Posso dizer que tudo se deveu às pessoas. Uma seguidora chamada Sanja recebeu-nos na fronteira e convidou a ficar no seu ginásio em Ljubljana o tempo que fosse preciso. Assim o fizemos. A Sanja, aparecia todos os dias às 8 da manha para levar-nos a conhecer a Eslovénia, erámos mimados com pequenos-almoços, almoços e jantares sem que nos deixassem pagar uma única vez. As pessoas foram simpáticas e muito acolhedoras, as paisagens são uma mistura da Suíça e da Áustria, e a gasolina a mais barata da Europa! Aprendi uma coisa essencial, se em Portugal a marca Akrapovic é uma referencia no mercado dos escapes, na Eslovénia é um dos orgulhos maiores do país. Primeiro, pronunciação é tudo, não se diz Akrapovikkk” diz-se “Akrapovichhh” e ai de ti que digas de outra forma. Segundo, é ultra super secreta! Tentámos visitar a fábrica onde são feitos mas sem sucesso. Nem sequer tem o logo da marca no edifício e aparece um segurança a dizer “- No photo!”.